Chegou o dia de conhecermos os pontos de pregação. Cuntum, Bor, Militar e Santa Luzia. Foi o nosso primeiro contato direto com os guinenses. Havia uma ansiedade incrível no nosso olhar, nos nossos gestos.
A paisagem era tipicamente africana, e até hoje sinto o vento frio tocando minha pele. Pensamos que estaria um sol tremendo, um calor ardente, um céu azul, mas não era bem assim. Tudo era muito embaçado devido a poeira e queimadas. Em Bissau não existe coleta de lixo, então tudo o que eles dispensam, é jogado na rua para queimar.
Quando descemos da Land Rover cedida pela ADRA, seguimos bairro a dentro do primeiro ponto. As crianças avistaram os brancos de longe, e logo começaram a pular de alegria. Gritavam "Branco umpelele", que significa branco, muito branco. Realmente foi um momento único. Logo fomos cumprimentando, dando "Bom dia" com aperto de mãos e abraços. As crianças são loucas para tirar foto, elas nunca se viram. Então fazem poses, ficam competindo para quem vai sair na frente da foto, e por aí vai. Comecei a observar a beleza negra. Existiam crianças realmente lindas, com traços marcantes e sorrisos sinceros. Suas roupas eram em sua maioria mal cuidadas, velhas e rasgadas. Muitos estavam com corisa e pés descalços. As meninas, tinham nos cabelos enfeites dos mais variados tipos, cheios de criatividade e cor. Eram trancinhas, apliques...cheios de vaidade. A alegria dos pequenos foi contagiante, de bairro em bairro. Mesmo em meio a adversidades, estarem unidos entre si, para eles, era o que importava.
No bairro militar, tivemos a oportunidade de encontrar com alguns rapazes da igreja. Ali, já pegaram um tambor, e pela primeira vez ouvi um louvor africano. Filmei inteiro, e naquele momento pude me dar conta que meu trabalho estava começando. O meu Deus é o mesmo deles. Lágrimas escorreram de meus olhos ao perceber que Sua graça se estendia à todos nós de forma imensurável. Eram meus irmãos, e sonhavam o mesmo sonho que eu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário