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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Como trabalhar com grupos (Cap 1) - EGO

É necessário ressaltar que a psicanálise contemporânea alargou a concepção da estrutura da mente, em relação à tradicional fórmula simplista do conflito psíquico centrado no embate entre as pulsões do ld versus as defesas do ego e a posição do superego. Na realidade, os psicanalistas aplicam na prática clínica os conceitos de: 


  • ego auxiliar (é uma parte do superego resultante da introjeção, sem conflitos, dos necessários valores normativos e delimitadores dos pais); 
  • ego real (corresponde ao que o sujeito realmente é em contraposição ao que ele imagina ser);
  • ego ideal (herdeiro direto do narcisismo, corresponde a uma perfeição de valores que o sujeito imagina possuir, porém, de fato, o sujeito não os possui e nem tem possibilidades futuras para tal, mas baseia a sua vida nessa crença, o que o leva a um constante conflito com a realidade exterior); 
  • ideal do ego (o sujeito fica prisioneiro das expectativas ideais que os pais primitivos inculcaram nele); 
  • alter-ego (é uma parte do sujeito que está projetada em uma outra pessoa e que, portanto. representa ser um "duplo" seu); 
  • contra-ego ( é uma denominação que eu proponho para designar os aspectos que, desde dentro do self do sujeito, organizam-se  de forma patológica, e agem contra as capacidades do próprio ego. 

Como trabalhar em grupos? (Cap 1)

A essência de todo e qualquer indivíduo consiste no fato dele ser portador de um conjunto de sistemas: desejos, identificações, valores, capacidades, mecanismos defensivos e, sobretudo, necessidades básicas, como a da dependência e a de ser reconhecido pelos outros, com os quais ele é compelido a conviver. Assim, como o mundo interior e o exterior são a continuidade um do outro, da mesma forma o individual e o social não existem separadamente, pelo contrário, eles se diluem, interpenetram, complementam e confundem entre si.
Com base nessas premissas, é legítimo afirmar que todo indívíduo é um grupo (na medida em que, no seu mundo interno, um grupo de personagens introjetados, como os pais, irmãos, etc., convive e interage entre si), da mesma maneira como todo grupo pode comportar-se como uma individualidade (inclusive podendo adquirir a uniformidade de uma caracterologia específica e típica, o que nos leva muitas vezes a referir determinado grupo como sendo "um grupo obsessivo", ou "atuadoÍ", etc.). 
É muito vaga e imprecisa a definição do termo "grupo", porquanto ele pode designar conceituações muito dispersas num amplo leque de acepções. Assim, a palavra "grupo" tanto define, concretamente, um conjunto de três pessoas (para muitos autores, uma relação bipessoal já configura um grupo) como também pode conceituar uma família, uma turma ou gangue de formação espontânea; uma composição artificial de grupos como, por exemplo, o de uma classe de aula ou a de um grupo terapêutico; uma fila de ônibus; um auditório; uma torcida num estádio; uma multidão reunida num comício, etc.
 Da mesma forma, a conceituação de grupo pode se estender até o nível de uma abstração, como seria o caso de um conjunto de pessoas que, compondo uma'audiência, esteja sintonizado num mesmo programa de televisão; ou pode abranger uma nação, unificada no simbolismo de um hino ou de uma bandeira, e assim por diante.

Características de grupo:


  • Todos os integrantes do grupo estão reunidos, face a face, em tomo deu ma tarefa e de um objetivo comuns ao interesse deles. 
  • O tamanho de um grupo não pode exceder o limite que ponha em risco a indispensável preservação da comunicação, tanto a visual como a auditiva e a conceitual. . 
  • Deve haver a instituição de um enquadre (setting) e o cumprimento das combinações nele feitas. Assim, além de ter os objetivos claramente definidos, o grupo deve levar em conta a preservação de espaço (os dias e o local das reuniões), de tempo (horários, tempo de duração das reuniões, plano de férias, etc.), e a combinação de algumas regras e outras variáveis que delimitem e normatizem a atividade grupal proposta. 
  • O grupo é uma unidade que se comporta como uma totalidade, e vice-versa, de modo que, tão importante quanto o fato de ele se organizar a serviço de seus membros, é também a recíproca disso - Cabe uma analogia com a relação que existe entre as peças separadas de um quebra-cabeças e deste com o todo a ser arÍnado. 
  • Apesar de um grupo se constituir como uma nova entidade, com uma identidade grupal própria e genuína, é também indispensável que fiquem claramente preservadas, separadamente, as identidades específicas de cada um dos indivíduos componentes do grupo.
  • Em todo grupo coexistem duas forças contraditórias permanentemente em jogo: uma tendente à sua coesão, e a outra, à sua desintegração. 
  • A dinâmica grupal de qualquer grupo se processa em dois planos, tal como nos ensinou Bion: um é o da intencionalidade consciente (grupo de trabalho), e o outro é o da interferência de fatores inconscientes (grupo de supostos básicos). É claro que, na prática, esses dois planos não são rigidamente estanques, pelo contrário, costuma haver uma certa flutuação e superposição entre eles.
  • É inerente à conceituação de grupo a existência entre os seus membros de alguma forma de interação afetiva, a qual costuma assumir as mais variadas e múltiplas formas. Nos grupos sempre vai existir uma hierárquica distribuição de posições e de papéis, de distintas modalidades. É inevitável a formação de um campo grupal dinâmico, em que gravitam fantasias, ansiedades, rnecanismos defensivos, funções, fenômenos resistenciais e transferenciais, etc., além de alguns outros fenômenos que são próprios e específicos dos grupos, tal como pretendemos desenvolver no tópico que segue. 

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